Desde 1997 venho atuando sistematicamente na Formação de Gestores Educacionais em todo o Brasil, na rede pública e privada. Posso dizer o quanto tenho aprendido com essa trajetória. Sinto-me privilegiada por fazer parte da história de pessoas que assumiram o papel de liderar a construção de uma escola comprometida com mudanças e inovações.
No entanto, continuo fazendo as mesmas indagações: o que me trouxe até aqui? O que aprendi? O que posso compartilhar? Como posso contribuir com a educação brasileira? O que os gestores educacionais precisam fazer para organizar a construção de uma escola democrática, acessível e que garanta o sucesso escolar para os seus alunos?
E então, deparo-me com um novo desafio: o de elaborar o conteúdo para o curso Gestão Educacional Pública da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, para alcançar aproximadamente 5000 educadores. Volto ao meu estado de inquietação e tento identificar de que lugar estou falando. Que concepções norteiam a minha construção epistemológica. Quem sou eu nesse momento e espaço.
- Identifico inicialmente, o meu lugar de gestora educacional, há 30 anos buscando desenvolver uma escola alternativa, o ESIL EDUCACIONAL, experimentando avanços, dilemas e desafios para implementar uma gestão escolar que garanta um espaço pedagógico contra-hegemônico, progressista, preocupado com uma educação emancipatória e inclusiva.
- Em seguida a trajetória como profissional da educação no papel de facilitadora em programas permanentes de consultoria e capacitação de gestores das escolas públicas e privadas, há 14 anos atuando em diferentes frentes para o desenvolvimento de gestores para a prática da gestão estratégica, democrática e participativa. Nesse cenário, procuro identificar as especificidades da escola pública, principalmente no fato do quanto os aspectos políticos e sociais impactam o posicionamento filosófico, epistemológico e didático-pedagógico da escola e as suas relações cotidianas.
- Ainda Caracterizando um terceiro papel, nesse momento, vivo também a experiência com o olhar e do lugar de pesquisadora, pela UNIRIO. Com a perspectiva acadêmica, busco o discernimento para “preencher” as lacunas existentes na trajetória das duas experiências citadas acima. No entanto, aprendi que tais construções epistemológicas se transformarão em novas perguntas. Com efeito, o ensaio que busco produzir nesse momento, representa uma fração do exercício que ainda terei que realizar para problematizar a minha pesquisa e enxergar outros caminhos possíveis.
A escola deve ser um espaço de aprendizagem significativa, de socialização do conhecimento e de formação humana. Precisa ser o local onde todos sejam comprometidos com a formação integral e o sucesso escolar de seus alunos. Esse conjunto só será possível por meio de ações articuladas intencionalmente por seus gestores.
São maestros que, com suas batutas, organizam uma orquestra com a diversidade de músicos e instrumentos visando preparar um grande espetáculo. Essa é uma utopia realizável para uma comunidade educativa. Lembrando aqui a origem etimológica da palavra Utopia, que vem do grego ou ( não) + Tópus ( lugar ) significando UM não LUGAR, ou um lugar que ainda não existe.
Pense bem: ser utópico não é apenas ser idealista ou pouco prático, mas também buscar a mudança do estado atual das coisas (status quo). Por isso o sonho e o caráter utópico de nossas buscas de inovações na prática educativa são tão permanentes como a própria educação. Se perdermos a utopia perderemos o sonho, se perdermos o sonho, perderemos a visão de futuro, ou seja, o futuro não significará nada para os gestores educacionais. E o convite que recebemos hoje, é para que nos lancemos para o futuro com superação criativa do presente, pois parafraseando Millor Fernandes, digo: o futuro chega com tal rapidez que começo a desconfiar que ele está atrás de mim.
Estamos buscando pensar uma escola possível de se construir a partir da capacidade gerencial de seus diretores e diretoras. No entanto, o sucesso só existirá se nos prepararmos para ele. Como seres de decisão e resposta, estamos juntos nessa utopia. Vamos consolidar a nossa escolha de sermos gestores educacionais comprometidos com uma nova perspectiva do jeito de fazer a escola acontecer.
Você já deu aula de alguma matéria (no primeiro segmento, antigo primário, ou no segundo segmento, antigo ginásio) na rede pública municipal da cidade do rio de janeiro?
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